Para Gilmar Mendes, Temer ‘certamente’ conclui mandato ‘se não vierem fatos novos'
Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o presidente Michel Temer “certamente haverá de concluir” o seu mandato, em 2018, “se não vierem fatos novos, robustos”. Mendes referiu-se às investigações envolvendo a delação do empresário Joesley Bastista, dono da JBS, no âmbito da Operação Lava-Jato.
A declaração de Mendes foi dada em entrevista ao SBT, que foi ao ar na madrugada desta segunda-feira, à 1h.
Como justificativa para sua opinião, Mendes diz: "Ao contrário de outros ocupantes do cargo, especialmente de Dilma e Collor, Temer tem uma relação muito forte com o Congresso. É um homem do Congresso.”
Mendes afirmou que o governo de Dilma Rousseff foi "um desastre" e que a administração de Temer tem "apresentado um esforço de racionalidade e harmonização".
Poder do MP
Na entrevista, o ministro do STF afirma ainda que defende um “controle judicial” sobre as colaborações premiadas, que segundo ele ocorrem numa situação de poder excessivo do Ministério Público (MP).
Mendes citou a decisão de não punir Joesley em troca da colaboração como "excesso" do Ministério Público. “Veja o poder que se dá ao Ministério Público: Distinguir a punibilidade. Portanto, isso precisa passar por um controle judicial”, diz ele.
Mendes afirmou ainda que a gravação de Joesley no encontro que teve com Temer no Palácio do Jaburu deveria ser uma colaboração com a Polícia Federal, mas que “o Ministério Público passou a protagonizar a investigação”.
“Acho que é altamente constrangedor. Para o procurador-geral e para o próprio relator, [Edson] Fachin”, afirma.
Segundo ele, juntar a gravação sem perícia ao processo que foi parar no STF é um erro que constrange o Judiciário, mas que mostraria o poder que o MP vem acumulando com a operação Lava-Jato.
Mendes defendeu ainda que, se ficar provado que a gravação foi uma operação controlada, em que o MP orientou Joesley a obter o áudio, o processo precisa ser anulado, porque a gravação só poderia ser obtida com autorização do STF, por envolver o presidente da República.
Candidatura
Mendes disse ainda na entrevista que uma eventual candidatura sua à presidência da República é apenas uma “lenda urbana”.
Sobre uma eventual candidatura de seu ex-colega de STF Joaquim Barbosa à Presidência, Mendes disse não querer opinar, mas afirmou que juízes e promotores costumam ser maus administradores.
"Se nós começassemos a administrar o deserto do Saara, em cinco anos não haveria mais areia", afirmou ele.
Valor Econômico
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